A verdadeira face do estresse

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O médico e pesquisador José Moromizato, um dos grandes incentivadores da prevenção de doenças psicossomáticas por intermédio do auto-relaxamento, defende sobre a importância de ter a mente saudável e atingir o bem-estar, o que se torna cada dia mais difícil diante de uma realidade caótica.


São horas em engarrafamento de trânsito, além da pressão no trabalho, cobranças na vida pessoal, situação econômica instável, ou noites mal-dormidas. Todos esses ingredientes apimentam um prato cada vez mais difícil de digerir: o stress, que nada mais é do que uma reação do organismo frente a fatores externos pra lá de desfavoráveis. Se a doença não for tratada, pode resultar em outros problemas mais graves como dependência química que se manifesta como forma de fuga diante de situações conflitantes.


Há uma descarga de adrenalina que atinge principalmente os aparelhos circulatório e respiratório e quando o perigo passa, a produção de adrenalina pára e tudo volta ao normal. Por isso, a reação é de taquicardia, palidez, sudorese e respiração ofegante. Pode haver, também, um descontrole da pressão arterial, ou seja, um aumento dela a níveis bem altos, o que não significa que a pessoa seja hipertensa.


De acordo com José Moromizato, o organismo traduz exatamente o que as pessoas pensam e sentem. “Quando reprimimos nossos sentimentos, eles vão se acumulando até o ponto que nos machucam profundamente, atingindo algum órgão mais sensível”, afirma.


A conclusão da incidência das doenças psicossomáticas surgiu a partir do acompanhamento da evolução do quadro clínico dos pacientes. O especialista notou que, muitas vezes, as moléstias sanadas nas salas de cirurgia, como úlceras, por exemplo, voltavam a incomodar. Os diálogos travados ao longo dos anos reforçaram a suspeita do médico de que a origem dessas doenças era emocional-mental.


Em relação à quantidade de stress que as pessoas acumulam, em razão da vida atribulada, o médico é categórico. “Deus criou o dia e a noite justamente para trabalharmos à luz do dia, e descansarmos à escuridão da noite”. Entretanto, a evolução técnico-científica das últimas décadas não permitiu a continuidade deste hábito e sobrecarregou a mente com informações que devem ser absorvidas a cada instante, já que estas são produzidas e divulgadas em uma velocidade surpreendente, comparada com o início do século passado, onde a incidência do stress era bem menor. Para se ter uma idéia, aproximadamente 30% das pessoas que moram e trabalham em São Paulo vivem sob grande stress.


O estudioso e pesquisador defende que a evolução trouxe mais rapidamente ao homem uma sobrecarga de informações, às vezes desnecessárias, que demanda do organismo uma série de mecanismos para compensar tamanha tensão que a vida moderna traz. “Entre as diversas reações bioquímicas que o stress provoca, encontram-se o fechamento (constrição) dos vasos sangüíneos, o aumento da freqüência cardíaca, da pressão arterial, da freqüência respiratória e a diminuição dos movimentos gastrointestinais, além do aumento da temperatura corpórea e do tônus muscular”, afirma.


Todas essas reações são desencadeadas pelo cérebro, que percebe e decodifica uma sensação de perigo iminente, preparando o corpo para correr ou defender-se. No entanto, o médico explica que situações como estas acontecem esporadicamente. “O problema encontra-se justamente neste ponto porque, em primeiro lugar, essas reações, que foram criadas para facilitar o movimento e a força muscular para o organismo agir, não são aproveitadas, dada a vida sedentária que o homem moderno adotou no seu dia-a-dia. Em segundo lugar, as cobranças e exigências desta mesma vida moderna deixam o homem em constante tensão, levando a um quadro que se torna crônico, com o passar dos anos”, alerta o especialista.


Para recuperar o equilíbrio interior


O auto-relaxamento, praticado em consultório, tem seus fundamentos e princípios norteados pelo Treinamento Autógeno de Schultz, método simples e efetivo, que leva o indivíduo a um profundo nível de relaxamento e traz alívio aos efeitos do estresse. Infelizmente, o mundo ocidental veio a conhecer as técnicas de auto-relaxamento e sugestões positivas com grande atraso em relação ao mundo oriental. Entretanto, se comparado os objetivos destas com a meditação e exercícios de Yoga, é possível encontrar praticamente as mesmas finalidades.


Moromizato defende que o relaxamento “Treinamento Autógeno” é a redescoberta da meditação oriental pelo ocidente. Relata que a sensação de equilíbrio também é cumulativa (como o stress), e se reflete no organismo, aumentando os níveis de histamina, concentração, performance intelectual, coordenação física, estabilidade emocional e maior capacidade de enfrentamento de doenças. “A técnica age como um facilitador da homeostase corporal (equilíbrio das funções vitais do corpo humano), promovendo descanso muscular e dilatação dos vasos sangüíneos. O sangue é o principal mensageiro do organismo, pois ele é o responsável por carrear milhares de compostos químicos, essenciais à alimentação celular, além dos seus compostos básicos, que são os glóbulos vermelhos, brancos e as plaquetas. Desta forma, um corpo tenso possui uma circulação sangüínea prejudicada, devido ao fechamento dos vasos”, argumenta.


Quando o indivíduo tem a prática diária de relaxar, seus vasos sangüíneos estão propensos a maior elasticidade, e o sangue tende a circular com maior facilidade pelo corpo, chegando, inclusive, às extremidades com mais eficiência.


Além de relaxar, o médico recomenda a utilização da oxigenação e a repetição de sugestões positivas, enquanto o paciente relaxa. “A oxigenação é fundamental para o bem-estar e funcionamento do organismo físico e mental. Podemos ficar alguns dias sem comer ou beber água, mas nosso organismo não suportaria a falta de oxigênio por mais que cinco minutos. Como exemplo, uma das primeiras reações que o organismo manifesta nos primeiros minutos de déficit de oxigenação é o rebaixamento da consciência. Isto leva à evidência de que respiramos menos enquanto dormimos. A atividade cerebral tende a desacelerar, também, quando estamos em estado de descanso. Portanto, a terapia com oxigênio promove a manutenção da atividade cerebral, mesmo em níveis mais profundos de relaxamento. Esse evento torna-se muito importante para a etapa seguinte, que é a repetição de sugestões positivas”.


Estas foram acrescentadas ao relaxamento, no momento em que o especialista teve consciência de que tudo o que foi assimilado na vida o foi através do aprendizado. Essa mesma percepção foi obtida por teóricos da Neurolinguística e de diversas teorias comportamentais contemporâneas, que foram divulgadas a partir dos anos 70. No entanto, os conhecimentos nesta área já datavam do início do século passado, ou ainda de alguns séculos antes.


O indivíduo com a auto-estima recuperada, com o autocontrole desenvolvido e, sobretudo, com o apoio adequado daqueles que o cercam, possui todas as chances de sair deste círculo-vicioso que acaba com a vida de muitos jovens do mundo todo. E a fórmula é simples: paciência, carinho e acreditar que qualquer ser humano consegue solução para seus próprios problemas.

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